Aos poucos, degradação destrói Hospital Matarazzo
Ícone da arquitetura paulista, prédio tombado foi interditado pela Prefeitura
Rodrigo Brancatelli, SÃO PAULO
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Há uma década e meia, o palacete florentino entre as Ruas São Carlos do Pinhal, Itapeva e Alameda Rio Claro, próximo da Avenida Paulista, está totalmente sem uso. É uma das joias arquitetônicas de São Paulo, tombado tanto pelo conselho de patrimônio público municipal quanto pelo órgão estadual. Mas isso não impediu a degradação - há pedaços inteiros de forro no chão, além de um sem-número de goteiras em quase todos os cômodos. Equipamentos hospitalares se amontoam em alguns cantos, juntando pó e servindo de abrigo para ratazanas. Parte do teto está ruindo. E qualquer vislumbre da imponência de outrora está sendo destruído a olhos vistos por infiltrações e rachaduras.
Anteontem à tarde, levada por uma denúncia anônima de um estacionamento irregular que funcionava no local, a Prefeitura interditou todo o imóvel por falta de segurança. Mas ainda não há planos de revitalização para o local. Na tentativa de reerguer o hospital, um grupo de cerca de 30 vizinhos, ex-funcionários e ex-pacientes chegou a montar uma campanha na internet para lembrar a história do Matarazzo e discutir projetos para a ocupação. "Não dá para o governo tombar um lugar tão importante e deixar que ele fique abandonado e estragado", diz a presidente da Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro Cerqueira César (Samorcc), Célia Marcondes. "Vamos lutar para que o Hospital Matarazzo volte a ser importante para a capital."
Também conhecido como Umberto I, o Hospital Matarazzo foi inaugurado em 1915 pela Societá Italiana de Beneficenza in San Paolo com o slogan "a saúde dos ricos para os pobres". A maternidade era vista como a melhor da América do Sul - entre seus funcionários estava a parteira oficial da família Matarazzo. Ali também se montou o primeiro banco de sangue do Estado de São Paulo. Mas, por falta de recursos, o complexo hospitalar foi fechado e vendido em 1996 para seus atuais proprietários, a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ).
A campanha pelo resgate do hospital ganhou no fim do ano passado um blog (hospital-matarazzo.blogspot.
O Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp) afirmou que enviou um ofício para o fundo de previdência determinando um prazo de 30 dias para elaborar relatório e diretrizes preliminares de recuperação do conjunto. A Previ alegou que o local não está em situação precária e que vai estudar as medidas cabíveis.
O caso do Hospital Matarazzo pode servir também como uma espécie de bandeira para iniciativas semelhantes - com a ajuda de diversas entidades de bairro, Célia Marcondes pretende criar o Conselho Popular Pró-Preservação do Patrimônio Paulistano. "A decisão do tombamento está nas mãos de poucas pessoas, que não conseguem fazer o acompanhamento dos bens", diz. "Queremos que a sociedade possa ajudar nesse processo, justamente para tentar conter a degradação."
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Comentários meus sobre a matéria:
Devo dizer que fiquei surpresa com a matéria publicada pelo jornal Estadão a quase um mês!
Primeiramente gostaria de agradecer a todos que estão nos ajudando nessa luta, que ainda está muito longe do fim, mas tivemos uma grande vitória, afinal o Hospital Matarazzo está desativado a muito tempo e também esquecido, mas estamos querendo que ele volte a ser lembrado e reativado e voltar a ter sua importancia Histórica e arquitetonica, como tinha em outros tempos.
Também gostaria de dizer que fiquei "surpresa" com esse lançe do estacionamento ter sido fechado.
Será por que?
Já o problema da degradação, sabia disso e a muito tempo. Infelizmente estão deixando o complexo abandonado e se degradando cada vez mais!
Sobre uma solução definitiva? Obvio! Voltar a ser Hospital e Público, afinal São Paulo está agonizando na saúde, e a reabilitação do Hospital Matarazzo poderia amenizar um pouco este problema! (Depois vou publicar um texto sobre isso, pois é um assunto sério).
Não sei se essa medida do Compresp vai resolver alguma coisa, mas a PREVI deveria sim fazer a manutenção emergencial do Complexo Hospitalar, afinal eles são os donos, e devem zelar pelo patrimônio, enquanto eles continuarem sendo donos!
Não podemos perder essa "Joia da arquitetura paulistana"!
Up!
8 comentários:
O estacionamento não estava funcionando de forma irregular...tanto é verdade q voltou a funcionar normalmente...irregular e arbitrária foi a atitude de qm o fechou...q investido de seu alto cargo municipal...abusou de seu poder ao fecha-lo como se alí funcionasse alguma atividade ilícita ou desonesta....sem direito a nenhuma argumentação. Ainda bem q o Poder Judiciário funciona.
Acho mto importante incentivar a preservação e conservação de nosso patrimônio histórico...mas esse direito não pode e não deve prevalescer sobre o direito dos cidadãos honestos que só querem trabalhar.
Lisette S. Anunciato
Nem estava sabendo dessas coisas. Primeiramente fiquei surpresa pelo fechamento do estacionamento, e pq eu não entendi direito qual foi o motivo pq ele fechou, só falei oq li no jornal e pronto.
No caso, o problema não é o estacionamento e sim, a degradação do Complexo Hospitalar! Deveriam cuidar melhor dele, e e isso que eu digo, é um desperdicio deixar um complexo gigante, que salvou tantas pessoas, abandonado em deterioração. Se ele voltasse a ser Hospital, além de ser um monumento importantissimo de São Paulo, a reabertura do complexo abriria muitas oportunidades de emprego e os paulistanos iriam voltar a ter um grande centro de saúde! É um direito nosso!
De acordo com o que a Lisette falou, acho sim que as pessoas devem trabalhar, mas questiono se ela já deu um pulinho lá para perceber que uma simples trepidação pode fazer com aquelas paredes em ruínas.
Apoio sim a interdição do local se ele tiver que funcionar como estacionamento, mais cedo ou mais tarde ele irá acabar como o casarão dos Matarazzos, com um suposto incêndio para perceberem que nada mais poderá ser feito até chegar a demolição. Com tantos estacionamentos na região, acho que esse não fará falta. Os alunos da GV podem muito bem caminhar um pouquinho, faz bem.
Agora, mudando de assunto, será que você pode me ajudar? Quero fazer uma pesquisa sobre hospital e encontro dificuldades para acessar o local. Entre em contato comigo por favor.
Olá Pearl tudo bem?
Concordo com você! Realmente a intensão "deles" é que o Complexo Hospitalar tenhe o mesmo fim que a mansão dos Matarazzo teve. Uma sabotagem aqui, outra ali, arrancam mais um forro, quebram mais uma parede, e assim com todo esse tipo de ação, pode acelerar cada vez mais o processo de deterioração do local, fazendo que com cada "chuva" se transforme em um desastre!
Fiação com "gatos" puchando energia de lá, de cá, e com aquela construção antiga, e madeira... é uma situação preocupante!
Isso não pode continuar assim! É um verdadeiro "desrespeito" com todas as pessoas que tiveram alguma ligação com aquele Hospital, sejão ex pacientes ou ex funcionários!
Pearl, claro que posso te ajudar. Você quer fazer uma pesquisa sobre o Hospital, certo?
Mas como posso te ajudar? Eu tenho muitos textos (que encontrei aqui na net) sobre o Hospital. Infelizmente livros, eu ainda não consegui encontrar nenhum, mas estou a "caça".
Me passe porfavor o seu email para falarmos melhor sobre o assunto ok!
Kisses!
Olá!
Então, queremos levantar como era o cotidiano do hospital, saber como funcionava mesmo.
Você pode entrar em contato comigo?
Meu email é s.sweetpearl@gmail.com
Obrigada,
Beijos
oque presciso para visitar o hospital?
Pearl já te mandei um email ok!
Respondendo agora o El Sammu, não sei se agora são permitidas visitas ao antigo Hospital. Antes podia visitar se vc mandasse um email para a PREVI pedindo uma autorização, e se eles dessem, vc teria que ligar para o administrador (que mora no Hospital) confirmando a data, e a hora!
Agora, como o lugar tinha sido interditado (só o estacionamento que voltou a funcionar graças a uma liminar da previ) não sei se é permitido visitas! E principalmente porque alegaram que o lugar está perigoso! Mas de qualquer forma, se tiver com dúvida, vá na portaria e pergunte lá, se pode ou não entrar no interior dos prédios ok!
Kisses!
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