sexta-feira, 22 de maio de 2009

Em um dia que lembramos do passado

Eu sei que é meio brega usar esse lema, mas foi justamente isso que aconteceu no dia 16 de Maio, em um Sábado.
Fui sozinha, (diferente das outras vezes que estava sempre com a minha irmã, mas agora ela está em um emprego super explorador) e tinha combinado com uns amigos para darmos uma voltinha pelos lados do Hospital. Queria mesmo é ter entrado, mas agora que estou visada pela PREVI, não sei quando terei a oportunidade de entrar lá novamente. Uma injustiça!

Fiquei esperando uns 30 minutos até que me encontrei com eles, e fomos para a padaria, que fica de frente com o Hospital.
Como esses colegas estão fazendo um trabalho para a faculdade deles sobre o Hospital Matarazzo, eles me entrevistaram e pediram para contar um pouco sobre a época que eu era paciente do Hospital Matarazzo, e também sobre o projeto!

Contei tudo para eles, porém não sei se me lembrei de tudo, por que estava meia desconcentrada , pois na padaria estava cheio de pessoas!

Depois, demos uma voltinha pelo Hospital, e estavamos esperando por outra pessoa. A ex-funcionária do Hospital (a mesma que foi conosco em Janeiro visitar o Hospital internamente) e ela iria dar um depoimento sobre a época que ela trabalhava e morava no Hospital.

Demos uma volta por todo o complexo hospitalar e tudo está igual como das outras vezes que estivemos lá! Deteriorado! e o curioso é que muitas janelas estavam fechadas! Parece que fecharam de propósito para não vermos como está lá dentro!
Só tinha duas janelas abertas, e dava para ver as vigas de madeira do telhado, todo esburacado, deu muita pena! A minha colega tentou tirar uma foto, mas o segurança percebeu e disse: O que vocês estão fazendo aí? Querem alguma coisa? Não falamos nada, mas que eu saiba a rua é pública!
Percebemos que a fachada estava muito suja, e deteriorada. Talvez porque naqueles dias havia chovido muito.

Depois paramos na frente do Hospital, e dai encontramos a ex-funcionária que logo me reconheceu de cara! Ela disse que até hoje lembrava da visita que fissemos ao Hospital em Janeiro e que tinha ficado em choque naqueles dias.

Depois fomos sentar perto do Banco Real, e a ex-funcionária lembrou dos tempos que ela estudou e trabalhou no Hospital.

Ela estudou na escola de enfermagem em 70 e 71. Parece que na época tinha um processo seletivo para se entrar na escola.
A escola de enfermagem era a melhor de São Paulo, até melhor que a da Santa Casa. Lá estudava pessoas de outras regiões de São Paulo e era uma escola particular e muito renomada!
Lá se aprendia de tudo e as irmãs eram muito exigentes! Tinha que estagiar em todos os setores inclusive ela contou que teve que assistir a uma cirurgia com a irmã chefe, e não se lembrava de nada, já que estava muito nervosa, mas depois acabou se lembrando e tirou 10!

A residência das estudantes (quarto onde elas dormiam) era na Maternidade, e geralmente elas tomavam café da manhã e almoçavam na cozinha, que fica no mesmo prédio da escola de enfermagem, no térreo, junto com os médicos e outros funcionários do Hospital, e todos se sentavam e conversavam sobre tudo, uma grande amizade de todos que trabalhavam no Hospital.
Ela tem o álbum de fotos de quando ela se formou (inclusive foi a Maria Pia Matarazzo que deu os diplomas), mas não se lembra onde deixou, mas assim que achar vai nos passar!

Ela disse que trabalhou na pediatria, foi enfermeira inclusive ela trabalhava no subterraneo, onde tinha os casos "mais graves". No subterraneo tinha as salas de raio X, e as internações. Ela disse que cuidou de uma menina que tinha tinha deslocado a bacia, e ela tinha ficado internada durante vários meses, mas quando ela recebeu alta do Hospital, ela ficou meia sentida, e depois continuou visitando o Hospital, só depois de um tempo que a ex-funcionária perdeu o contato com ela!

Um caso triste foi na Maternidade. Uma mulher (aparentemente saúdavel) estava esperando um filho, mas na hora do parto, ela deu uma grande hemoragia e acabou morrendo (na sala de parto)!

Um Hospital não é feito só de casos bons, mas também de casos tristes!

Ela disse que o Hospital Matarazzo tinha filas, obvio, mas as pessoas eram bem atendidas. Talvez era o melhor Hospital de São Paulo, e tinha um grande renome!

Não podia chegar atrazada, isso era intolerável, mas não tinha horas para sair. Sempre quando chegava algum paciente, tinha que o atender.

Na época, não tinha falta de medicamentos, talvez porque a demanda de pessoas era menor, mas era impressionante como o Hospital funcionava bem!

Ela, depois, foi devido a localidade, trabalhar em outros Hospitais, e acabou se distanciando do Matarazzo, mas acabou retomando o passado primeiramente quando foi para os lados do Hospital e reencontrou com uma amiga que lhe disse tudo oque estava acontecendo com o Hospital recentemente (como o fechamento do Hospital, o destombamento e etc) e depois por nossa causa!
Que a época que ela mais gostou da vida dela, foi ter trabalhado no Hospital Matarazzo!

Ela disse que antes de morrer, ela quer ver o Hospital ser "reativado", que e o Hospital foi construído para esta função!
Que não tem "problemas" se o conjunto voltar a ser Hospital mesmo sendo em formato de casarão, pois hoje em dia pode-se transformar tudo, talvez o prédio novo poderia abrigar a UTI já que está parte não era muito grande quando o Hospital funcionava e é uma parte que requer um cuidado especial.

Depois de essa"super entrevista" que não sei se consegui lembrar ao certo, demos uma volta pelo Hospital com ela e falamos sobre o projeto, ideias (que não vou falar aqui) sobre o passado, e como aquela região havia mudado com o passar do tempo. Ela se lembrou do Sr Alfredo, e comentou que ele era um homem frio que não se importa muito com o Hospital, inclusive por não sentir nenhuma pena de ver o lugar abandonado e não fazer nada.
Ela se lembrou da órta que ele plantou atrás do Hospital, e que ele não nos deixou entrar no túneo (porque não tinhamos lanterna rsrrsrs).

Atrás do Hospital perguntamos para ela, o quê funcionava em cada prédio? Ela disse que o primeiro era a parte detrás da pediátria (este eu conheço e muito bem), da maternidade (conheço este também, muito bem), o necrotério, a sala de velório (câmara mortuária), e é claro a escola de enfermagem, cozinha, lavanderia, e sala das caldeiras (tudo funcionava no mesmo prédio, que é a foto que está logo acima, totalmente degradado).

Quando passamos atrás da Maternidade, perguntamos para um vigia se podiamos entrar e se a ex-funcionária podia entrar, já que ela trabalhou e morou lá.
Ele disse que só podia entrar com uma autorização da PREVI (mas eles nem estão autorizando visitas com medo de alguém fotografar lá dentro), e que eles eram meio enjoados para essas coisas. Nós falamos para ele que não tinha problemas nenhum em entrar, já que lá não tem nada para roubar e ele disse, ao contrário.

Ele disse que podiamos tentar falar com o Sr Alfredo e pode ser que ele daria uma autorização, mas ele não estava neste dia (já que era o dia de folga dele) mas podiamos ir falar com ele em outro dia!

Gostei desse vigia, ao contrário de outros mau educados, ele mesmo não autorizando, foi super simpático conosco!
Depois andamos até a Avenida Paulista e fomos embora! Foi isso!

Sobre o Sr Alfredo, tenho certeza que se ele me ver, vai me expulsar sem dó nem piedade, mas eles deveriam perceber que queremos somente o bem do Hospital, e jamais (ao contrário deles) iriamos fazer alguma coisa para degredir o Hospital ou algo assim, mas queremos que ele seje salvo e volte a funcionar!
Eles não conseguem entender como esse lugar foi e continua sendo importante para todos nós!

Vou fazer aniversário em Junho, 25 aninhos!
Mesmo tendo ido ao interior do complexo hospitalar três vezes ( a última em Janeiro) gostaria de puder entrar lá novamente, e levar a minha mãe comigo. Seria um belo presente de aniversário!


Por hoje é só, logo volto a postar denovo!