Olá pessoal, voltei.
Hoje vou publicar um texto que achei, do site do CREMESP (CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DE SÃO PAULO) e neste texto, publicado em Fevereiro desde ano, fala sobre o fechamento de dois dos Hospitais mais tradicionais de São Paulo, O Hospital Matarazzo e a Maternidade São Paulo.
Logo volto a postar mais!
Segue abaixo o texto:
Um século de história da medicina em pleno abandono
O fechamento do Hospital Matarazzo e da Maternidade São Paulo está apagando da memória dos paulistanos duas das mais importantes instituições de atendimento à saúde da população, que fizeram parte da história da cidade.
Financiados pela classe médica e industrial paulista, esses hospitais, construídos no final do século 19, vivenciaram, no decorrer dos séculos 20 e 21, o seu apogeu e queda. O descaso e a má administração foram os principais personagens desse crime contra a saúde pública no Estado.
HOSPITAL MATARAZZO
Segundo Carlos Alberto Garcia, ex-diretor do hospital, com a decadência do “império Matarazzo”, em 1986 o hospital deixou de pertencer à Sociedade Beneficente Hospital Umberto Primo, que era de controle da família. Sua administração foi dividida entre a comunidade ítalo-brasileira de São Paulo, os funcionários – mas ambos não tiveram recursos para mantê-lo – e a Secretaria de Estado da Saúde, que por dificuldades econômicas e administrativas fechou o hospital em outubro de 1993.
Com o slogan “A saúde dos ricos para os pobres”, a Societá Italiana de Beneficenza in San Paolo, cujo principal contribuinte era o conde Francisco Matarazzo, inaugurou, em 1904, o pavilhão administrativo Humberto I e, posteriormente, em 1915, a Casa de Saúde Francisco Matarazzo. A intenção da sociedade, ao adquirir o terreno de 27.419 m² entre as atuais ruas São Carlos do Pinhal, Itapeva e Alameda Rio Claro, era construir um hospital para os imigrantes italianos que viviam em São Paulo. Durante as décadas seguintes foram feitas obras de ampliação do complexo hospitalar, como a construção da capela em 1922; a Casa de Saúde Ermelino Matarazzo em 1925; a Clínica Pediátrica “Amélia Camilis” em 1935; e a Maternidade condessa Filomena Mata¬razzo construída em 1943, especialmente para o parto da filha do conde.
Na década de 50, chegou a ter 500 leitos, dez a mais que na sua inauguração, e nos anos 70 passou a ser referência na formação de profissionais, ao firmar convênio com o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), sendo que sua maternidade era vista como a melhor da América do Sul. “É triste ver o hospital fechado, já que era o único no eixo da avenida Paulista que atendia pelo SUS”, lamenta Garcia.
Em 1996, o imóvel foi comprado pela Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), que tinha projetos de vendê-lo para a construção de um shopping e um hotel de luxo, porém o alto custo da reforma, o seu tombamento em 1986 – que impede a construção de outras instalações que o descaracterizem – e a ação civil dos moradores do bairro Bela Vista contra a obra, afastaram os interessados. Segundo informou a assessoria da Previ, a entidade “vem prospectando negócios que tragam a melhor rentabilidade e maior liquidez para o investimento, respeitando as questões legais, limitações construtivas e tombamento”.
Em 2005, a Fundação Zerbini, ligada ao Instituto do Coração (Incor-SP), demonstrou interesse em alugar o imóvel por 20 anos, porém sua assessoria informou que o projeto não seria viável financeiramente e o contrato não se concretizou. Enquanto não tem um destino certo, o prédio do antigo hospital está abandonado e sujeito a invasões, como a de 1998, na qual um grupo de sem-tetos entrou no local e vários equipamentos foram roubados.